Um cenário bastante comum é se deparar com startups sem nenhuma estrutura de governança corporativa, que muitas vezes se esbarram em situações que dificultam sua continuidade e crescimento.
Quando surge a ideia do projeto, poucos fundadores pensam na implementação da governança corporativa. E qual é a sua importância?
Durante a etapa de ideação, a governança corporativa estabelece as bases para uma operação transparente e responsável, definindo estratégias claras, estrutura de propriedade e responsabilidades compartilhadas entre os fundadores, essenciais para o crescimento sustentável. Este é o momento em que a semente de uma cultura de transparência e responsabilidade é plantada, o que, na prática, evita grande parte dos conflitos.
À medida que a startup evolui para a fase de validação do produto ou serviço, a governança se torna essencial para salvaguardar o capital intelectual, otimizar a alocação de recursos e facilitar a captação de investimentos iniciais, estabelecendo a base para relações sólidas com futuros parceiros e investidores.
Prosseguindo para a fase de tração, a implementação de processos e estruturas de governança torna-se crucial para gerenciar o crescimento acelerado e o aumento da complexidade operacional. Políticas claras e mecanismos de prestação de contas são indispensáveis para sustentar a confiança dos investidores e orientar a tomada de decisões.
Quando a startup atinge a etapa de escala, a governança corporativa eficaz é o que distingue empresas prontas para o mercado global das que falham sob pressão. A governança em escala requer adaptação e evolução contínuas para enfrentar desafios regulatórios mais complexos, expandir as operações internacionalmente e gerir equipes e recursos de forma eficiente.
Além disso, uma governança corporativa estruturada protege contra boa parte dos riscos jurídicos (compliance), afasta conflitos de interesse e previne a erosão de valor da startup perante seus stakeholders.
Sem governança, a startup pode sofrer prejuízos reputacionais e financeiros, que são frequentemente irreversíveis.
Encorajo, portanto, cada fundador a ver a governança corporativa como uma aliada estratégica e não como um mero requisito burocrático. Incorporá-la desde o início pode ser a diferença entre atrair capital de qualidade e suportar a diluição prematura de participação.
Finalizo ressaltando que a governança corporativa não é apenas um conjunto de regras a ser seguido; é uma filosofia de negócios que, se bem integrada, propulsiona a sobrevivência da startup para que prospere em um ecossistema empresarial cada vez mais competitivo.
Nady Dequech