Saber o momento certo para passar o “bastão” é um grande desafio para muitas famílias empresárias. Quando começar? Qual critério será adotado para identificar quem irá liderar o negócio da família? Qual o papel e o desafio do fundador/sucedido e dos sucessores? Como fazer a transição? E se ninguém da família se interessar em trabalhar no negócio (ou não houver sucessores com perfil apropriado)? São inúmeras as dúvidas e incertezas e, não raro, muitas empresas familiares padecem logo após o falecimento de seu fundador.
A sucessão de uma empresa familiar não se limita a uma simples transferência de patrimônio, trata-se de transmissão de um legado, de uma cultura e de valores familiares. Um processo de transferência bem planejado e executado é um forte alicerce para a perpetuação desses valores tangíveis e intangíveis para as gerações seguintes.
O plano de transferência não deve ser imutável. É um processo contínuo que deve ser revisitado de tempos em tempos. O mercado está em constante mudança. Novas leis e regras surgem. Entendimentos jurisprudenciais se formam e se alteram. Cenários se modificam, os herdeiros e futuros sucessores se casam, têm filhos, mudam de cidade, de carreira, de planos… A saúde financeira da empresa familiar é um outro fator a ser considerado, já que ora pode estar em um momento de grande expansão ou ambiciosa estratégia de investimento, ora em gerenciamento de dívidas (o que muito ocorreu na pandemia Covid 19).s
Por isso, a sucessão não deve ser um evento, mas sim um processo que requer organização, planejamento, tempo e constante revisão, para que haja uma travessia estratégica e com segurança. Isto vale tanto para os planejamentos sucessórios com efeito mais imediato, ou seja, enquanto o fundador ainda está vivo, como para aqueles com o propósito de repercutir somente após o falecimento do fundador.
Além disso, atualizar o plano sucessório é sempre uma ótima oportunidade para rever ou reafirmar os valores e propósitos da empresa, criar ou fortalecer conselho de família, preparar novos líderes, rever as diretrizes, consolidar a política de governança familiar, alinhar sobre treinamentos para os membros mais jovens. São cuidados que fazem toda a diferença para a família empresária que pretende passar lições e missões para as futuras gerações, além da herança patrimonial.
Nady Dequech