Investimento social: alavanca para a perenidade das empresas familiares

Ao auxiliar empresas familiares em seus processos sucessórios, noto uma similaridade entre aquelas em que os membros da família se engajam em atividades filantrópicas: gerações integradas com um propósito comum geram um ambiente muito mais harmonioso para desenvolver um plano sucessório.

Com um projeto social, os membros das famílias se engajam no propósito comum que vai além dos lucros da empresa, sendo um instrumento poderoso para desenvolver a governança familiar e as habilidades interpessoais. É uma forma tangível para os membros, inclusive aqueles que não estão ligados ao negócio familiar, trabalharem juntos, aprenderem competências colaborativas e reforçarem valores. Ao trabalharem juntos, os membros da família podem melhorar a comunicação, desenvolver processos de tomada de decisão partilhados, criar estruturas para resolução de conflitos, cultivar habilidades de liderança entre gerações. Proporciona a interação entre diferentes gerações e a educação sobre responsabilidade social e financeira aos mais jovens, ao mesmo tempo que alinha os valores familiares com ações concretas.

Na esfera dos negócios, propicia um ganho de reputação e fortalecimento da marca. As empresas que demonstram um compromisso genuíno com causas sociais constroem uma reputação positiva que pode se traduzir em fidelização de clientes, retenção de talentos, potenciais vantagens competitivas de mercado. Também cria oportunidades para desenvolvimento e realização pessoal dos colaboradores através de experiências voluntárias com atividades de impacto social, aumentando o engajamento e a conexão com a missão da empresa.

Na esfera social, são milhares as ações filantrópicas de empresas familiares que impactaram significativamente o progresso social e trouxeram benefícios não apenas as camadas menos favorecidas, mas para toda a sociedade.

Muito dos avanços na área de saúde (construção de hospitais, pesquisas científicas, distribuição de medicamentos e vacinas…), da educação (programas de esportes, de desenvolvimento de habilidades, inserção no mercado de trabalho…), moradia e cultura só foram possíveis pela dedicação de tempo, expertise e doações de empresas familiares.

As empresas familiares devem encarar a filantropia não como um complemento opcional (ou por benefício fiscal), mas como um componente integrante da sua estratégia de longo prazo para o sucesso sustentável, o impacto social e a continuidade do legado através das gerações.

Nady Dequech