De acordo com uma pesquisa da KPMG realizada com 197 gestores de empresas familiares, 55% dos membros da nova geração planejam participar da gestão, mas apenas 11% dos integrantes seniores os consideram preparados para o desafio. Um descompasso que gera muitos conflitos e transtornos.
A pauta dos fundadores, comumente condicionados a uma gestão no estilo “comando e controle”, tende a não convergir com a pauta das gerações mais jovens que anseiam por uma gestão menos centralizada e que costumam se preocupar com outras questões além do resultado financeiro (como as tecnológicas e de qualidade de vida, por exemplo)
Nem sempre é fácil conciliar as expectativas. A interação entre as gerações requer dedicação e paciência.
A boa comunicação é a melhor ferramenta. A habilidade, tanto da geração fundadora e especialmente a dos futuros sucessores (ou “continuadores”, apropriado termo utilizado por Harry Fockink) de escutar, aprimorar o hábito de fazer perguntas, de entender as respectivas expectativas e propósitos, faz toda a diferença no processo de conexão entre as gerações. O método de questionamento e reflexão (ensinado há milênios por Sócrates) traz clareza e compreensão.
A interação geracional na empresa familiar é um desafio, mas também uma grande oportunidade. A experiência dos fundadores combinada com as ideias inovadoras dos mais jovens proporciona um ambiente propício para o crescimento, adaptação e inovação da empresa, além de ser essencial para uma sucessão pacífica e harmoniosa.
O papel de quem está na cadeira de controle é fundamental para facilitar uma transição de sucesso. O fundador deve passar a exercer uma função de mentor e não de chefe, deve se dedicar para ensinar, mas também aprender e compreender os temas trazidos pela geração mais jovem, precisa investir tempo e disposição para despertar o sentimento de pertencimento dos continuadores, para que haja o genuíno interesse destes em seguir com o negócio da família.
Por sua vez, os sucessores/continuadores precisam, com muito respeito, afeto e empatia, demonstrar que são “aprendizes” habilidosos, capazes de dar sequência a todo legado construído com árduo trabalho pelo fundador.
Extrair o melhor de cada geração dentro das empresas familiares é possível e traz inúmeros benefícios para a empresa e para os membros familiares, lembrando que a transição/sucessão não é uma simples troca de poderes. Não há transição harmoniosa e bem-sucedida sem interação e uma boa conexão entre as gerações.
Nady Dequech